domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Ascensão

Olho em volta e procuro um ponto de apoio, não consigo me mexer. Não enxergo nada, está tudo escuro e pelo que eu consigo sentir, estou em uma sala completamente vazia. Procuro manter a calma e tentar enxergar algo. Avisto uma luz branza, mas ela está muito longe do lugar de onde estou. Os únicos barulhos que escuto são os de minha respiração, e de meus pensamentos. Sinto meus movimentos voltando e consigo me sentar, mas perco as forças rapidamente. Pensando em como sair daquele lugar, penso em gritar por socorro e tento, mas estou completamente sem voz. Começo a ficar preocupado, não sei onde estou, tudo que sei é que estou sozinho em um lugar escuro, sem forças e a única luz que enxergo é a branca que está longe. Começo a escutar passos vindo de longe, quem sabe pode ser o meu fim ou a minha ajuda. Os passos se aproximam a cada segundo, procuro por uma saída, mas não encontro nada, o jeito agora é esperar e rezar. Os passos param quando estão muito próximos de mim, uma luz forte se acende, minha visão embaça, enxergo uma mão estendida em minha direção. Sem titubear eu agarro ela, e ela me levanta. É a minha salvação.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A Queda

Eu estava dentro de um avião, me preparando para saltar de paraquedas, as últimas instruções já haviam sido dadas, tudo estava pronto. Quando me posicionei para saltar, o piloto do avião disse para abortar o salto pois o avião sofria de problemas técnicos. Perguntei para ele qual era o problema e ele disse que não sabia. O avião começou a cair rapidamente, todos dentro dele perderam o controle e começaram a se desesperar, eles estavam gritando, chorando, rezando e pedindo perdão por todos os pecados que já cometeram. Quanto mais ele se aproximava do chão, mais eu pensava em todas as pessoas que eu gostava e realmente me importava. E então ele caiu. A escuridão surgiu, acordei no hospital cercado por pessoas que diziam ser meus parentes e médicos de todos os tipos. Me disseram que fiquei desacordado por 2 dias. Fui o único sobrevivente pois cai do avião pouco antes dele atingir o chão. Fui me lembrando pouco a pouco das pessoas, primeiro me lembrei dos familiares, depois dos amigos e depois de alguns conhecidos. Todos os sentimentos que eu tinha pelas pessoas que eu conhecia, desapareceram. Estou começando uma nova vida.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Maestro

Estava escuro, todas as luzes estavam voltadas para o palco. A orquestra inteira estava lá, todos em seus devidos lugares, afinando seus instrumentos. De repente, todas as luzes se apagam. E então um pequeno feixe de luz é voltado para o maestro, que acaba de subir ao palco. A plateia toda se levanta e aplaude o maestro. Ele se curva diante da plateia em forma de agradecimento, e pede para todos se sentarem. Respeitosamente, todos se sentam e esperam excitados pelo começo. E então os tambores começam a bater ritmicamente, no mesmo ritmo do coração. Tum tum, tum tum, tum tum. Logo após, os violinos e violoncelos entram em ação, o som das cordas do violão e do contra baixo acompanharam eles, com toda a harmonia que podiam proporcionar. O som do pequeno triângulo podia ser ouvido de longe. Quando eu menos percebi, todos os instrumentos já estavam sendo tocados. Fechei meus olhos e viajei em meio a todos aqueles sons. Quando dei por mim estava no meio de um campo completamente aberto, várias plantas e apenas uma única árvore. O som da orquestra podia ser ouvido claramente do lugar onde eu estava. Caminhei até a árvore, sentei em seu pé e observei o campo por horas. Enquanto observava, refleti sobre as coisas boas da vida e percebi que aquilo que estava fazendo era uma delas. Aquele momento era único e indescritível. Se eu pudesse fazer uma lista das coisas boas da vida naquele momento, ela ficaria assim: se banhar na queda de uma cachoeira, sentar no pé de uma árvore e observar o lugar, tocar violão e passar um dia agradável com os amigos. Me levantei e caminhei por aquele imenso campo, os graves dos violoncelos cresciam a cada passo que eu dava. Enquanto caminhava observei as flores que estavam no campo, dançarem suavemente ao som da orquestra. Elas iam de um lado para o outro com tanta suavidade, que parecia surreal. Quando dei por mim, estava sentado na plateia, vendo o maestro agradecer a presença de todos e se despedir, assim como todos os integrantes da orquestra. Todos que estavam na plateia aplaudiram de pé a orquestra e o maestro, e partiram, assim, para suas casas, assim como eu fiz.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Desilusão

A vida vive nos pregando peças, a cada instante ela prega uma. Me sinto desconfortável ao saber disso, pois parece que nosso destino está fadado a sermos enganados a cada instante possível. Por um breve momento me descuidei e a vida agiu sobre mim, pregando uma de suas peças mais traiçoeiras possíveis. No início ela age sorrateiramente, você só percebe que foi atingido depois. Você começa a ver o mundo de outra maneira, com a mente mais fechada, com o pensamento focado somente em uma coisa. Qualquer sentimento é elevado ao extremo,você pode ir de feliz para triste em poucos segundos. Quando você percebe o que aconteceu, todo cuidado é pouco. Você tenta fugir, mas depois vê que ja é tarde demais. Esse sentimento é uma merda, essa peça que a vida pregou é uma merda, ilusão é uma merda. Ficar iludido é uma das piores coisas que tem. Quando você percebe que foi iludido, tudo aquilo que você sentia e que achava que sentiam por você, desaparece em questão de segundos e então um grande vazio surge dentro de você, e você começa a se questionar sobre tudo e pensa que tudo agora é uma grande ilusão, por mais que algum sentimento que sintam por você ou você sinta pelos outros seja real. Toda essa desilusão cai forte sobre você, ela abre os seus olhos para a realidade, e o mundo que você vivia enquanto estava iludido, desaba. E este ciclo vai se repetir por várias e várias vezes, até o dia que você conseguir impedir a vida de pregar esta peça em você.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Tempo

Observo o dia passar diante de meus olhos sem ao menos perceber. As horas passam que nem segundos, tudo que acontece é muito rápido. Os momentos que tenho com as pessoas que gosto e que realmente me importo, são poucos e rápidos. Antes o tempo não passava tão rápido assim, não sei o que aconteceu. Não sei se sou eu ou se o tempo realmente enlouqueceu e começou a correr. Agora eu aposto uma corrida contra ele, e meu objetivo é vencer. Caso eu o ultrapasse por um breve momento, gostaria de reviver alguns momentos e guardar outros para sempre. Sei que vou poder sempre guardá-los em minha mente, mas gostaria de viver aquilo novamente, nem se fosse apenas uma outra vez. Mas, por mais breve que fosse este momento de vitória sobre o tempo, ele me ultrapassaria e me deixaria muito para trás. Gostaria que o tempo voltasse a ser como era antes, sem se importar em demorar para passar, fazendo a noite chegar da maneira mais devagar possível, tornando o dia extremamente longo. Gostaria que as horas voltassem a ser realmente horas, e não apenas segundos. O triste é que se continuar assim, os dias vão passar mais rápidos do que já estão passando, e os momentos que estão por vir, serão breves, sejam eles os eternos ou os bons momentos.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Epifania

Estou arrumando a mala para uma viagem só de ida. Meu destino é o mundo, quero conheçer novos lugares, novas pessoas, novos hábitos. Termino de arrumar a mala e parto mundo a fora. Não me despeço de ninguém pois todos estão dormindo e eles não fazem ideia de que estou partindo. Na rua, começo a caminhar sem rumo, somente eu e meus pensamentos. ''Finalmente vou abandonar esta merda toda, vou ser livre para ir e fazer o que quiser, onde e como eu quiser.'' penso eu. Após horas de caminhada, paro em frente a rodoviária, entro nela e compro uma passagem só de ida para Brasília. Não sei por que escolhi Brasília, nunca fui pra lá e nunca pensei em ir. Enquanto esperava o ônibus, observava as coisas que aconteciam ao meu redor. Vi pessoas sendo assaltadas, pobres pedindo esmolas, vendedores ambulantes vendendo coisas completamente inúteis, vi pessoas reencontrando seus familiares após muito tempo. Aquela cena realmente me deixou apreensivo, pensando se realmente devo partir, mas a passagem já foi comprada e já esperei o bastante por isso. Enquanto o ônibus não chegava, tirei um cochilo. Tive um sonho que não fez sentido algum, estava conversando com uma pessoa que eu não conhecia, quando algo me atingiu fortemente na parte de trás da cabeça e eu caí. Então eu acordei assustado, olhei em volta, passei a mão na parte de trás da cabeça pra ter certeza de que tudo aquilo não passava de um sonho. Quando tive esta certeza, me levantei e caminhei por um momento, foi quando senti algo muito forte e percebi de que isto que eu estou fazendo é uma burrice. Rasgo minha passagem e volto para minha casa, percebendo que me sinto melhor e que todos os problemas desapareceram. Percebo que a origem da minha cura e do meu problema é você.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Prisão

Busco nas mais profundas memórias que guardo, a resposta para me livrar desta situação. Procuro por argumentos válidos que me tirem dessa. Estou cercado por dúvidas e incertezas que voltaram para me assombrar, após tanto tempo e elas ficam me questionando sobre o que é o amor e qual é o sentido de tudo. Não sei, simplismente, não sei. E então, cercado pelas assombrações de meus problemas passados, vejo um grande clarão e caio. Pela primeira vez meu rosto conheceu a dureza gélida que um chão pode proporcionar. Após me recompor, percebo que estou em um lugar diferente, um lugar que nunca tinha visto até então.Estou preso, dentro de uma pequena cela, com apenas uma pequena pia, um caderno e um lápis. Tento encontrar alguma ligação entre isto, mas não consigo. Algum tempo depois, pego o caderno e começo a escrever coisas sobre o amor e sobre o meu passado. Associo os dois de maneira lúdica e vejo que eles combinam perfeitamente, mas apenas no passado. No presente, a associação com a palavra amor não acontece. E então retorno para as profundezas de meus pensamentos, mas fui interrompido por passos que vieram de longe e pararam apenas na frente de minha cela. Não consegui ver ninguém, apenas escutei vozes, todas falando várias coisas ao mesmo tempo e não pude compreender uma palavra sequer, até que uma voz se sobressaiu entre as outras e ouvi claramente a sua mensagem. Me levantei depressa, a porta da cela foi aberta sem fazer um ruído sequer. Apanhei o caderno e o lápis e fui seguindo as vozes pelo corredor. Notei que a minha cela era a única em um grande corredor, que ao final dele, havia uma pequena porta. As vozes disseram para eu abrir esta porta, e entrar na sala que havia do outro lado dela. Segui as ordens das vozes cuidadosamente e quando eu abri a porta, uma surpresa. Descobri que estou preso dentro de minha própria mente. Vagando mente adentro, descubro respostas para várias perguntas, vejo coisas que nunca pensei em ver em toda a minha vida. Procurei as respostas para as perguntas que as assombrações haviam me feito, mas não as encontrei. Persistente, procurei em todos os lugares que a minha mente podia esconder, mas não obtive sucesso. Desolado, voltei para a porta que me levava de volta para o corredor onde havia a pequena cela. Quando abri a porta, tentei me comunicar com as vozes, mas elas não estavam lá, então comecei a correr desesperadamente, em busca de uma saída de minha própria mente. Como não havia saída, voltei para a minha cela, fechei meus olhos e me perguntei o motivo daquilo tudo. Quando abri meus olhos, não estava mais na cela, estava cercada pelas assombrações de meu passado de novo e elas me perguntavam se eu havia encontrado as respostas para seus questionamentos, e eu disse que havia. Disse para elas que o amor é algo completamente inexplicável, que é uma grande atração que você pode sentir por uma pessoa. Enquanto continuava relatando minhas respostas para as assombrações, uma delas me pergunta se algum dia já amei, e eu respondo que sim. E então, após esta minha resposta, todas elas desapareceram, e desde então, eu nunca mais fui perturbado por assombrações de meu passado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Plano

Navego em um mar de pensamentos, sofrimentos e angústias, não me sinto confortável com o que está acontecendo em minha volta. Penso em me jogar neste mar e nadar no meio de tantos problemas e conseguir esquecê-los. Eu não queria estar aqui neste momento, eu não queria estar vivendo isto. Eu não queria ser eu neste momento. Paro de pensar e começo a agir, deixo os remos de lado e pulo no mar. Começo a nadar em meio a tantos problemas e consigo fazer o que queria, ignorá-los. Mas de repente me pego divagando sobre os problemas que enfrento no dia-a-dia e me afogo. Luto para voltar para o barco, mas os problemas insistem em me puxar para o fundo. Quando penso que já fui vencido, vejo que sou mais forte que os problemas que insisto em enfrentar diariamente, então me livro deles e volto para o barco. Dentro dele, começo a remar de volta para a terra, mas não é uma tarefa fácil. Está começando a anoitecer, o mar está calmo, e então deito no aconchego de meu barco, fecho meus olhos e tento dormir. Nos meus sonhos, estou longe de todos os problemas, em uma terra perfeita, deitado em uma rede compondo canções sobre as coisas boas que a vida nos oferece. Porém, ele aparece, o amor, e utiliza de suas armas mais poderosas para transformar minha terra perfeita em um lugar completamente caótico. Tento correr dele, mas não a como fugir. E então, como uma flecha, ele entra em meu coração e todo aquele sonho se desmancha. Abro meus olhos, olho em volta e vejo que já estou perto do meu destino. Depois de uma noite agitada, recomeço a remar e noto que os problemas já não estão tão vísiveis como estavam antes. Após um pequeno tempo, chego em meu destino. Uma ilha com um pequeno povoado, lugar ideal para se ficar quando quer esquecer seu problemas. Após chegar em meus aposentos, deito-me e começo a pensar se realmente vale a pena ficar longe de todos os problemas. As vezes, os problemas são as coisas que nos fazem persistir em deixar a nossa vida melhor, fugir deles pode fazer você esquecê-los, mas um dia eles irão retornar para você com força total, e fugir novamente não vai adiantar. Após refletir sobre este pensamento, o plano agora é voltar para os problemas e encará-los de frente, somente assim poderei superá-los. Recolho minhas coisas, pego o barco e lá estou novamente navegando no mar de pensamentos, sofrimentos e angústias, a diferença é que agora estou disposto a enfrentar qualquer tipo de problemas que aparecer em meu caminho , a fim de encarar o problema principal, que me aflige até hoje: o amor.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Fuga.

Estava pensando comigo mesmo, qual o sentido da vida. Não consigo me decidir qual rumo tomar, o que fazer. Me sinto sozinho, no meio de milhões de pessoas. Me sinto mais solitário como nunca estive, as vezes chego a pensar que nada disso vai mudar e que meu destino é ser solitário para o resto da vida. Momentos que passo com amigos, chego a me distrair e até consigo ''me enganar'' , pensando que não estou sozinho. Mas é apenas uma máscara, que visto, para esconder toda a angustia e tristeza que carrego comigo. O dicionário define solidão como ''sentimento no qual a pessoa sente profunda sensação de vazio e isolamento''. Pode ser isso mesmo que esteja acontecendo. Mesmo rodeado por amigos e por pessoas que dizem se importar comigo, me sinto só, sinto falta de algo em minha vida. Não posso me considerar uma pesoa feliz, pois o meu problema é com o amor. Ah, o amor, sentimento universal onde você sente algo muito forte por uma pessoa, uma coisa inexplicável, que é o amor. Mas me pergunto, se o amor é inexplicável, por que inventam explicações como essas? Nem mesmo os mais sábios dos sábios podem desvendar os mistérios desta complicação que chamamos de amor. Já escrevi poesias e canções de amor, para amores que nunca vivi. Como diria Roberto Frejat ''Procuro um amor, que seja bom pra mim. Vou procurar, eu vou até o fim. E vou trata-la bem, pra que ela não tenha medo. Quando começar a conhecer. os meus segredos.'' . Para quem não sabe, Roberto Frejat é o vocalista da banda Barão Vermelho, é um excelente cantor e compositor, a música citada se chama ''Procuro um Amor''. Escuto pessoas dizendo que vai amar a outra até a sua morte, que o amor deles é para sempre, mas, como diria Renato Russo ''o pra sempre, sempre acaba''. E parece que o amor nunca chegou por aqui, não que eu saiba. Procuro um ponto de apoio, um ponto de fuga, uma mudança drástica em minha vida que no momento está afogada por pensamentos , mágoas e solidões. Sei que em algum lugar aí fora, neste imenso mundo, existe alguém que procura a mesma coisa que eu. Que tem as mesmas ideias, sobre todos os assuntos. Devo começar uma busca incessante por tal pessoa, sei que ela não caíra do céu, como um anjo. Por isso deixo por aqui em exposição, todas as minhas ideias e pensamentos.